Em reunião extraordinária, a presidente da autarquia, Carla Antunes Borges, explicou que o executivo tinha, no início de 2022, a “expectativa do fim dos estados de emergência e da pandemia, mas a realidade foi muito diferente”.
“Apesar do fim dos estados de emergência, continuaram a verificar-se casos de infetados com Covid-19, o que continuou a acarretar inúmeras dificuldades na gestão de equipas. Por outro lado, ninguém imaginava que o ano de 2022 fosse marcado pelo conflito armado da Guerra na Ucrânia”, afirmou, esclarecendo que a guerra causou um impacto desastroso e imprevisível na gestão do dia a dia.
Um dos principais constrangimentos foi o aumento do custo das matérias-primas, principalmente as respeitantes a produtos alimentares, combustíveis rodoviários e energia.
O ano de 2022 ficou também marcado pela transferência de competências na área da educação para a Câmara Municipal.
“Esta prestação de contas é profundamente marcada pelo déficit de exploração registado neste domínio, que corresponde a 134.874 mil euros, aos quais ainda acrescem 206.520 mil euros das depreciações dos edifícios das escolas agora transferidos para a esfera do município”, referiu, salientando que o quadro de pessoal da autarquia também “sofreu um aumento muito significativo, para cerca de 500 funcionários, o dobro de antes da transferência de competências, o que causou um grande impacto na massa salarial”.
Carla Antunes Borges sublinhou ainda a subida do preço das refeições escolares, lamentando que apenas os municípios que ficaram com concursos desertos, ao contrário do que aconteceu com Tondela, sejam ressarcidos da diferença de custo da alimentação dos alunos.
Os gastos municipais com a energia subiram 45%, fruto do acréscimo dos custos da mesma e do aumento do próprio consumo originado pela transferência de competências da educação que passou para a autarquia vários edifícios escolares.
Aos vereadores, a autarca realçou a posição do Revisor Oficial de Contas que destacou, no seu relatório, “a execução orçamental da despesa e da receita líquida no exercício de 2022 que foi respetivamente de cerca de 67% e 86%, dando um principal relevo à taxa de execução dos fundos comunitários, superior à média da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões”.
“Terminámos o ano com uma excelente taxa de execução da receita e da despesa, que se realça se efetuarmos a análise relativamente as candidaturas de fundos comunitários. Recuperámos os números de processos no urbanismo, mantivemos importantes apoios e projetos sociais, como o apoio à natalidade e a campanha de esterilização”, disse.
A edil recordou ainda que o executivo concretizou “importantes projetos imateriais como a revisão da Carta Social, a Carta Educativa, a candidatura a Património imaterial da Festa das Cruzes e do Barro Negro, a Estratégia Municipal da Educação, a par da continuidade da realização de importantes eventos culturais e desportivos”.
“Uma última palavra para o resultado líquido negativo [de 317 mil euros], apenas para referir que o mesmo se encontra profundamente influenciado pelo déficit de exploração da transferência de competências das escolas, principalmente por força das amortizações introduzidas na integração em património municipal dos edifícios escolares, mas que se realizarmos uma análise ao resultado líquido expurgando estes valores, teríamos um resultado líquido positivo de 24.376 mil euros”, concluiu.
