É o caso de Carlos Lima e Xana Monteiro, ceramistas da Barraca dos Oleiros. Isto a propósito da exposição “Percursos. Barro negro, castanho, ferro, granito”, de Linde Burkhardt, recentemente inaugurada na Galeria Municipal de Matosinhos.
Linde Burkhardt é hoje um nome de referência no design, estendendo a sua criatividade à pintura, ao desenho, à cerâmica, passando pela tapeçaria. Foi professora de Teoria do Design e Design Artístico na Universidade de Ciências Aplicadas de Bielefeld. Actualmente assimila ideias que a inspiram para os seus trabalhos criativos, além de ensinar, organizar exposições e fazer crítica de design.
A sua paixão por Portugal data de 1977. Pela mão de Siza Vieira e Fernando Távora, visita Portugal com o seu marido, François Burkhardt. Interessava-os a arquitectura popular e o artesanato português. Em 2007, regressam. O que ainda havia? Havia Molelos e a olaria negra, uma velha paixão. É com ela que se inspira de novo. Conhece a veia criativa e artística dos jovens artesãos de Molelos e opta por trabalhar e criar com Carlos Lima e Xana Monteiro.
“Percursos … “ é o resultado dessa profícua e ilimitada criação. Linda utiliza diferentes materiais, desde a pedra ao barro, da madeira ao aço. Mas é no campo da cerâmica negra, aprimoradamente trabalhada por Lima e Xana, que o mundo da arte de Linde se expande, que a tradição do funcional nas formas e a mestria das representações abstractas e éteras se repercutem.
Dividida em três partes, ‘’da origem, ‘’da inspiração, ‘’da poesia, a exposição “Percursos …” depara-se ao visitante como uma “agradável e globalizante surpresa”. Agradável porque é a cerâmica negra de Molelos, de Tondela e da Beira Alta que transpira por todo o espaço expositivo. É o quotidiano, o funcional virado arte: o púcaro, a padela, o assador de castanhas. Global porque desafia e arrisca o que expõe para além ‘’da origem: singularidade da forma, subtileza no desenho, uma redescoberta de uma matéria-prima secular: são os trabalhos denominados boca de inferno, nuvem, língua do diabo, etc.
Como afirma o arquitecto Siza Vieira: “a exposição inclui peças de artesanato tradicional, transfiguradas pela montagem e por inesperadas associações”.
A visitar na Galeria Municipal de Matosinhos até 20 de Março próximo.
Divisão de Cultura
